É esta a conclusão dos seis seminários já decorrentes sobre países dos CPLP (Angola, Guiné Equatorial, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), organizados pela Fundação AIP no âmbito dos seminários Como Fazer Negócios, que decorrem até dia 10 do presente mês na sede da Fundação AIP. Estas acções contam com a colaboração da CESO, o patrocínio do Novo Banco e da TAAG e o apoio das Águas Fonte Viva.

A próxima acção será Como Fazer Negócios no Brasil, no dia 10 de Julho! [ver programa].

Inscrições aqui!

Dia 3 de Julho – Angola e Guiné Equatorial

O Novo Plano de Desenvolvimento Nacional de Angola prevê um crescimento económico colocando em segundo plano o sector petrolífero

Angola está a passar por uma mudança estrutural que tem impactos directos nas relações comerciais e económicas do país com Portugal. Rui Miguel Santos, Vice-Presidente Executivo da CESO, apelida esta fase como uma “nova fase no processo de desenvolvimento”.

Nesta nova fase de desenvolvimento, é importante reter a ideia de que tudo aponta para um papel secundário do sector do gás e petróleo na economia do país. Isto porque, segundo os últimos censos angolanos, existem mais de 25 milhões de habitantes, um claro sinal do crescimento populacional de Angola. Desses 25 milhões de habitantes, uma grande parte é jovem. Na opinião de Rui Santos “o sector petrolífero não cria emprego, ou, colocando de outra forma, cria emprego muito qualificado. A agricultura e a indústria, por exemplo, são criadores de emprego para os jovens angolanos.”

Prevê-se que o sector não petrolífero de Angola cresça 7,5% entre 2018 e 2022, fruto do Plano de Desenvolvimento Nacional 18-22, que prevê também um aumento do financiamento público. Em entrevista à Agência Lusa, Rui Miguel Santos considerou que Portugal tem de encontrar o seu papel neste puzzle que irá começar a desenhar-se entre os dois países, não como exportador mas sim como parceiro de investimento.

“A produção local é um caminho inevitável para as empresas portuguesas, se quiserem manter uma posição e presença forte em Angola, porque ao lado está um país com tradição, tecnologia e capacidade de produção, a África do Sul”
Rui Miguel Santos, Vice-Presidente Executivo da CESO

Os sectores prioritários no programa de industrialização de Angola passam pela indústria alimentar e bebidas, têxteis, calçado, madeira, pasta de papel, produtos químicos e metálicos, transporte e reciclagem, tudo áreas em que as empresas portuguesas têm um know-how aprofundado.

A diversificação da economia angolana é, assim, inevitável, mas ocorrerá num processo lento, prevendo-se um cenário complexo até lá, existindo consequências directas nas finanças públicas que continuarão vulneráveis ao sector petrolífero.

O Novo Banco, patrocinador da acção, apresentou dados estatísticos sobre o mercado de importações e exportações entre Portugal e Angola. Pedro Silva, do Departamento Comercial Internacional do Novo Banco, indicou que nos últimos cinco anos, o mercado das importações e exportações tem vindo a decrescer: em 2018, por exemplo, houve um decréscimo de 20% nas exportações de Portugal para Angola.

Contudo, ao mesmo tempo e a título de exemplo, Angola importa pontes e elementos de pontes, de ferro ou aço de Portugal num valor muito acima da média mundial. A ideia é de que é preciso analisar os riscos e vantagens de uma possível exportação ou investimento em território angolano, existindo produtos/serviços de que os angolanos necessitam e que Portugal pode fornecer em boa quantidade e qualidade.

Enquanto patrocinadora desta sessão a TAAG, Linhas Aéreas de Angola, apresentou a frota mais moderna e segura da companhia e todas as condições para os empresários viajarem para Angola, em lazer ou negócios, com condições especiais.

Sobre a expansão da TAAG para outros países, incluindo Portugal, Mónica Cristino, Directora Regional da Companhia Aérea referiu que “tem sido um enorme desafio. Acreditamos que a TAAG é uma companhia com enorme potencial e temos feito grandes investimentos no desenvolvimento da marca nos segmentos de lazer e corporate.”

As apresentações dos oradores desta sessão de Angola, podem ser consultadas aqui. Para mais informações sobre a apresentação do Novo Banco, deixamos o e-mail de Pedro Silva, do Departamento Comercial Internacional.

  • CESO
  • TAAG
  • Novo Banco – pedro.silva@novobanco.pt

A sessão da tarde de dia 3, dedicou-se a Como Fazer Negócios CPLP – Guiné Equatorial, onde estiveram presentes mais de 30 empresas de diferentes sectores. Na ordem do dia estiveram as mudanças significativas que estão a ocorrer na Guiné Equatorial a nível económico e político e também as oportunidades de investimento e exportação para o país.

Pode consultar as apresentações aqui:

Dia 4 de Julho – Cabo Verde e Guiné-Bissau

Cabo Verde é o país dos PALOP que tem mais estabilidade económica: o investimento estrangeiro é favorável e seguro

Quem o diz é José Eduardo Martins, Sócio da Abreu Advogados, na terceira sessão Como Fazer Negócios: CPLP, desta feita sobre Cabo Verde. Com um historial de experiência nos PALOP, a sociedade de advogados considera que “a seriedade dos cabo-verdianos quando toca a negócios só tem paralelo com alguns dos países do norte da Europa”.

Para além da enumeração das leis (lei de investimento, lei de investimento privado, incentivos e benefícios fiscais, etc.), José Eduardo Martins acentuou que Cabo Verde é seguro e estável, duas características importantes quando se pretende investir, especialmente se for num PALOP. E sobre as áreas mais atractivas para o investimento? O turismo, em primeiro lugar. No mesmo âmbito [turismo], João Rabaça, Director da CESO, evidenciou o crescimento desse sector no país. A expectativa futura do país é alargar o turismo para todas as ilhas de Cabo Verde e sobretudo “existir uma diversificação do turismo”, de modo a que não exista apenas quantidade de opções turísticas para oferecer mas sim mais qualidade, nomeadamente a nível do turismo cultural, no qual Cabo Verde é muito rico, negando, assim, a ideia de que este país vive apenas do turismo de lazer.

Também o sector da economia do mar apresenta um potencial evidente, assim como as tecnologias da informação e comunicação e as energias renováveis, este último com uma problemática, tal como explica José Martins, da Abreu Advogados: “Cabo Verde tem muito pó, o que faz com que a manutenção de parques solares e eólicos seja difícil de gerir”. Contudo, a noção de que é necessário investir neste sector ficou patente.

Ao nível das exportações, verifica-se que cada vez mais Cabo Verde exporta para Portugal, demonstrativo de um vigor económico importante. Aliás, a relação comercial entre ambos os países foi evidenciada não só por João Rabaça (CESO) como também por Elias Andrade, Conselheiro da Embaixada de Cabo Verde.

“Portugal é o principal cliente e fornecedor de Cabo Verde”
João Rabaça , Director da CESO

Presente nesta sessão esteve Miguel Las Casas, empresário e CEO da Super Compras, empresa presente em Cabo Verde desde 1994. Para Miguel, o mais atractivo em Cabo Verde é o país e as pessoas: “Os cabo-verdianos são trabalhadores e responsáveis. De momento estou a tentar empregar apenas trabalhadores e jovens cabo-verdianos. O país e as pessoas merecem a nossa atenção.”

O CEO da Super Compras referiu ainda que há muita segurança no país, caracterizando os cabo-verdianos como pessoas agradáveis, com grande sentido de responsabilidade e sempre dispostos a ajudar, sobretudo nos departamentos públicos. Mais uma vez, a ideia de que a seriedade nos negócios está garantida é corroborada por quem tem know-how neste mercado.

Miguel Las Casas referiu ainda a problemática da insularidade de Cabo Verde. O facto de serem ilhas e de o transporte ser dificultado, acentua a sensação de que “não existe a oferta que precisamos para a procura que existe. Esse é o maior problema. Falta uma peça de um carro, de uma máquina e é preciso importar”. Contudo, esse facto também pode ser considerado uma oportunidade. Deu ainda um exemplo relevante: “A mecânica automóvel simplesmente não existe em Cabo Verde”.

As apresentações dos oradores desta sessão de Cabo Verde, podem ser consultadas aqui.

À tarde, pelas 15h00, realizou-se a sessão Como Fazer Negócios CPLP – Guiné-Bissau, onde estiveram presentes 25 empresários de empresas de diferentes sectores. Na ordem do dia estiveram as oportunidades de investimento neste país com a presença de José Manuel de Lemos Pavão, Cônsul Honorário da República da Guiné-Bissau no Porto e o advogado Ilvio Pacol Mango, Associado da Miranda & Associados.

Pode consultar as apresentações desta sessão, aqui:

Dia 5 – Moçambique e São Tomé e Príncipe

A estratégia de Moçambique para os próximos anos passa por desenvolver o seu capital humano, investir na investigação, tecnologia e infra-estruturas

Moçambique foi caracterizado como um mercado difícil, que tem passado por várias provações ao longo dos tempos mas que se apresenta na iminência de uma transformação que resultará numa maior abertura para os investidores externos e, naturalmente para os empresários portugueses. Rui Miguel Santos, Vice-Presidente Executivo da CESO, consultora que trabalha em economias emergentes há mais de 40 anos e com grande presença nos CPLP, explicou que o crescimento de Moçambique passa pela sua demografia e geografia, indicadores que os investidores devem conhecer antes de investir no país.

A reter, o facto de tudo apontar para um crescimento demográfico em Moçambique até 2025: por essa altura, 44% da população deste país africano terá menos de 15 anos. Em termos de geografia, Moçambique apresenta uma especificidade: a grande distância entre uma ponta e outra do país, “equivalente à distância entre Portugal e Berlim“, explicou Rui Miguel Santos, enunciando ainda outra particularidade: “É a porta de entrada para o Oceano Índico“, apresentando assim um posicionamento geo-estratégico muito relevante.

Sobre as estratégias e orientações do país para o futuro, “Moçambique tem tido o cuidado de ir revendo a sua posição estratégica“. A aposta será um investimento na industrialização e diversificação, sendo, na opinião do Vice-Presidente da CESO, este o caminho para a criação de mais emprego em Moçambique.

“O sector do petróleo e do gás alavancou o crescimento de Moçambique, mas são sectores pouco intensivos no que toca à criação de emprego”
Rui Miguel Santos, Vice-Presidente Executivo da CESO

Sobre as relações económicas entre Portugal e Moçambique, foram descritas como “quase anémicas“, não tendo muita expressão de volume de negócios.

Houve uma quebra de 40% nas exportações entre 2015 e 2016 e de 25% entre 2012 e 2016. O que significa que as relações entre Portugal e Moçambique nunca estiveram em níveis tão pobres de exportações como actualmente.

Para auxiliar as empresas portuguesas no seu processo de expansão e internacionalização, Pedro Silva, do Departamento Internacional Comercial do Novo Banco, patrocinador da acção, interveio com os instrumentos financeiros que o Novo Banco tem à disposição das empresas portuguesas para as auxiliar no investimento externo.

O Trade Finance é um desses instrumentos: é um financiamento para comércio internacional, independentemente da natureza desse financiamento. São Créditos Documentários, Cobranças, Standbys e Garantias. Os principais objectivos do Trade Finance é mitigar os riscos de investimento e proporcionar equilíbrio e capacidade negocial às empresas.

Também nesse sentido, a SOFID (Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento) apresentou o InvestimoZ, fundo de apoio ao investimento em Moçambique criado em 2010, inteiramente gerido pela SOFID, com 95 milhões de euros à disposição das empresas portuguesas interessadas no mercado moçambicano, sendo que apenas 10% desse capital foi utilizado. Este fundo procura sobretudo empresários que queiram investir nos sectores das energias renováveis, ambiente, infra-estruturas e turismo.

A TAAG – Linhas Aéreas de Angola, voltou a patrocinar esta sessão, apresentando as tarifas de voos que a companhia faz desde Angola para Maputo e as condições especiais para quem voa em negócios até África.

Tiago Farias, da InovCluster, esteve presente nessa sessão, onde partilhou o seu testemunho enquanto participante no Pavilhão de Portugal na FACIM, feira multissectorial que a Fundação AIP organiza anualmente em Moçambique.

Aqui disponibilizamos as apresentações dos oradores destas sessões e o contacto de Pedro Silva, do Novo Banco, para mais informações:

Às 15h00 foi a vez de ser abordado o mercado de São Tomé e Príncipe. O painel contou com a presença de João Rabaça, Director da CESO, que apresentou as condicionantes e vantagens do mercado deste país, Maria da Conceição Cabaços, Sócia da PLMJ, Advogados, que abordou a importância do ordenamento territorial para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe e ainda Bernardo Ivo Cruz, Administrador Executivo, SOFID, abordando quais as ferramentas de investimento para se apostar neste ilha africana.

O Grupo Pestana, na figura de João Raposo, Corporate Director, deu o seu testemunho sobre a presença da empresa no país, evidenciando o seu potencial tremendo de crescimento no sector do turismo.

A TAAG – Linhas Aéreas de Angola também estiveram presentes a apresentar as ligações que a companhia aérea possibilita através de Angola para outros países africanos, onde se incluem São Tomé e Príncipe e Moçambique. A companhia aérea oferece ainda condições especiais para os empresários que viajem a África em negócios.

Aqui disponibilizamos as apresentações dos oradores destas sessões: