“Nos próximos anos, a América Latina tem de duplicar o seu investimento em infra-estruturas e logística e quadruplica-lo em ciência e inovação” – Rebeca Grynspan

A Secretária Geral Ibero-Americana esteve na Fundação AIP e foi a principal oradora no encontro de negócios sobre o tema “A situação económica da América Latina e as relações económicas da região com Portugal”.

Sobre a América Latina, Rebeca Grynspan apresentou um panorama favorável. A Secretária Geral Ibero-Americana, vice-presidente da Costa Rica entre 1994 e 1998 e Secretária Geral da ONU em 2010, divulgou os planos que estão a decorrer para tornar o mercado da América Latina mais apelativo para o investimento externo, estando os principais projectos centrados em educação, infra-estruturas e logística, ciência, energias renováveis e também turismo.

A relação com Portugal e Espanha é estratégica, como muito reiterou Rebeca Grynspan, pela posição privilegiada que o nosso país ocupa e também pelos factores culturais e linguísticos, que acabam por aproximar a Península Ibérica e a América Latina, criando um potencial para a criação de relações comerciais que, nas suas palavras, “tem de ser aproveitado”. Mas não só. Portugal é também uma chave de entrada para os PALOP, um mercado com cada vez maior poder de investimento.

Sobre as relações mais concretas entre Portugal e a América Latina, a Secretária Geral Ibero-Americana utilizou o nosso país como um bom exemplo a seguir ao nível das infra-estruturas e logística, algo em que a América Latina terá de apostar fortemente: “Nos próximos anos a América Latina tem de duplicar o investimento nas suas infra-estruturas e logística. Nesse âmbito, Portugal está muito bem posicionado.” O interesse das empresas portuguesas do sector na América Latina é, para Rebeca, “dar um salto qualitativo importante”.

Para além do investimento no sector das infra-estruturas, é também uma aposta, nas palavras da própria Secretária Geral “quadruplicar o investimento em ciência e inovação”, onde os esforços que têm sido feitos ao nível da educação nos países latino-americanos podem ser complementares. Melhorar a qualidade do ensino é um objectivo, assim como fortificar as relações académicas entre as cidades portuguesas e latinas, de forma a atrair mais estudantes, não só para estudar como para estagiar na América Latina.

Nesta sessão, que contou com mais de 60 participantes, entre representantes de empresas dos mais variados sectores, a entidades públicas e também embaixadas, houve igualmente espaço para as intervenções do Presidente da Fundação AIP, Jorge Rocha de Matos e de Vital Morgado, Assessor da Administração AICEP.

Grupo Mota-Engil e Pestana consideram que a América Latina é um grande desafio… que compensa

Pedro Arrais, Director de Relações Institucionais e Comunicação da Mota-Engil, destaca uma palavra-chave quando se pensa em investir na América Latina: confiança. Num percurso de mais de 20 anos nos países da América Latina, a empresa de engenharia e construção portuguesa anuncia o México como o maior mercado latino da empresa na actualidade. Nas palavras de Pedro Arrais “dos 15 maiores projectos que nós temos, 9 são na América Latina. Hoje em dia representam 33% do nosso volume de negócios.”

Já José Roquette, Administrador do Grupo Pestana, reitera o facto de que o turismo “pode dar um contributo enorme ao desenvolvimento social dos países da América Latina.” No seu testemunho empresarial, o Administrador do Grupo Pestana acentuou que a experiência tem servido de aprendizagem: “A América Latina é uma verdadeira business school… Um master em surpresas… um PHD em flexibilidade.” José Roquette admite que investir nos países latinos confere a qualquer empresa a capacidade de se reinventar.

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